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Mostrando postagens de janeiro, 2025

Hesicasmo - parte 3 - final

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5. Orações simples, com poucas imagens O Metropolita Ortodoxo Kálistos Were resume alguns aspectos importantes deste tema da oração hesicasta, baseando-se em experiências e palavras de muitos Santos eremitas: Quando preenchemos a mente com a recordação de Deus, precisamos dar-lhe uma tarefa, uma atividade. E a única atividade, para este caso, é a invocação do Nome: “Senhor Jesus”. A recordação do Nome recupera uma mente desintegrada, partida em muitos cacos, e coloca de lado os pensamentos dispersivos. Não se trata de um conflito selvagem, nem de repressão violenta, mas de um delicado e perseverante ato de dar destaque ao Nome do Senhor. Quem não gosta de colocar em evidência o nome da pessoa amada? Pronunciar o nome é morar na intimidade, é ir para o interior da casa. Não há necessidade de visualizar nada, mas é bastante estar dentro, morar, permanecer, bem dentro de uma sensação, de um sentimento, de uma convicção. 6. Oração hesicasta e iluminação Quando a oração hesicasta se tor...

HESICASMO - PARTE 2

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Característica da oração hesicasta  Frei Vitorio Mazzuco A oração hesicasta possui algumas características inconfundíveis. Vamos elencar as principais: 1. Oração monológica A Sagrada Escritura não se cansa de exortar o/a fiel a rezar continuamente: “Orai sem cessar” (1Ts 5,17); “Orai incessantemente com toda a espécie de orações e súplicas no Espírito…” (Ef 6,18). Também Jesus costuma frisar a “necessidade de orar sempre, sem cansar” (cf. Lc 18,1), E exortar os seus discípulos: “Vigiai e orai!” (Lc 21,36). A oração monológica (repetindo sempre uma só e a mesma coisa; do grego: monos: um só; e logos: palavra) é a preocupação de permanecer sempre na presença do Senhor, com orações simples e jaculatórias. A forma primitiva desta prece é o “Kyrie eleison”. A forma mais comum soa assim: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador!” (cf. Lc 18,13 e 18,38). Trata-se de uma junção da oração do publicano da parábola com o grito do cego de Jericó, que implora a...

Meditação da Morte

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CAPÍTULO 23 DO LIVRO IMITAÇÃO DE CRISTO DE TOMAS DE KEMPIA Da meditação da morte  1. Mui depressa chegará teu fim neste mundo; vê, pois, como te preparas (...) Se tivesses boa consciência não temerias muito a morte.  Melhor fora evitar o pecado que fugir da morte. Se não estás preparado hoje, como o estarás amanhã? O dia de amanhã é incerto, e quem sabe se te será concedido?  2. Que nos aproveita vivermos muito tempo, quando tão pouco nos emendamos? Oh! nem sempre traz emenda a longa vida, senão que aumenta, muitas vezes, a culpa. Oxalá tivéssemos, um dia sequer, vivido bem neste mundo! Muitos contam os anos decorridos desde a sua conversão; freqüentemente, porém, é pouco o fruto da emenda. Se for tanto para temer o morrer, talvez seja ainda mais perigoso o viver muito. Bem-aventurado aquele que medita sempre sobre a hora da morte, e para ela se dispõe cada dia. Se já viste alguém morrer, reflete que também tu passarás pelo mesmo caminho.  3. Pela manhã, pensa que nã...

A ORAÇÃO DO CORAÇÃO - parte 4

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  do Coração» (Conferência realizada por Olivier Clèment, teólogo ortodoxo, aos monges da Abadia de Tamie (Saboya) em 29 de maio de 1970). Trad.: monges da Comunidade Monástica São João, o Teólogo - São José, SC Conteúdo 1. O contexto eclesial e teológico-sacramental 2. Orar sem cessar 3. O estado «metânico» 4. A «vigilância» e a «ternura» 5. Uma unificação excêntrica 6. A oração ininterrupta 4. A vigilância e a ternura esquecimento é o "gigante do pecado",  dizem freqüentemente, os Padres népticos. Esquecimento: endurecimento de coração, como acabamos de ver, dureza de coração. O homem muitas vezes, vive como um autômato, na temporalidade sem presente, donde o porvir não cessa de fazer sombra sobre o passado. O homem não sabe que Deus existe, que vem para ele e o ama. Não sabe que, no perdão e na luz de Deus, tudo existe para sempre. A lembrança da morte desloca esta zona aparentemente clara, bem balizada, que o homem recorta da superfície da existência. A troca da lembrança...

INTRODUÇÃO À ESPIRITUALIDADE FILOCÁLICA 4 - AS VIRTUDES, FORÇAS DIVINO-HUMANAS

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VI  AS VIRTUDES, FORÇAS DIVINO-HUMANAS  Quando deixamos a vida ressuscitada crescer em nós, ela instaura pouco a pouco a pessoa em sua verdadeira natureza que, segundo a Filocalia, é inseparável da graça. Em Cristo, as forças do humano são vivificadas pelas energias divinas, pelos Nomes divinos que elas refletem. Criado à imagem de Deus, o homem esconde, com efeito, forças que o levam a ele e se desdobram na irradiação de sua essência. As “virtudes” do homem – seria melhor, fora de qualquer moralismo, evocar suas forças, suas energias (de resto, este é o 37 A escada santa VIII, 41. 38 Máximo o Confessor, op. cit., 10,289. sentido etimológico da palavra virtude, pois virtus, em latim, designa a força viril) – são participações às energias divinas, ao modo de ser de Deus revelado por Cristo.  O homem é chamado a manifestar a beleza, a bondade, a sabedoria, a forte mansidão que são como que raios disto que são João denomina “a luz da vida”. Estes Nomes divinos, ...