O.S.B.M., uma ordem irmã (?)

 A Ordem Basiliana de São Josafat é uma congregação religiosa, pertencente à Igreja Católica do Rito Oriental Bizantino.

A sigla OSBM (Ordem São Basílio Magno) é o título oficial dos Estatutos. A congregação basiliana é conhecida como Ordem Basiliana de São Josafat, porque foi São Basílio Magno o seu fundador e São Josafat Kuntzevitch quem reformou este ramo da Ordem de São Basílio Magno entre os anos 1607-1623.

A Ordem Basiliana tem suas Constituições ou Estatutos próprios, reconhecidos pela Santa Sé Apostólica. É uma ordem religiosa de Direito Pontifício. Seus membros professam os três votos de pobreza, obediência e castidade, aprovados pela Santa Sé Apostólica e mais o juramento de submissão e fidelidade ao Sucessor de São Pedro. No Brasil, esta ordem religiosa está registrada civilmente como pessoa jurídica e é conhecida também como Associação de São Basílio Magno.

História

Fundação

3.2.1-5 BrasãoA Ordem Basiliana foi fundada por São Basílio Magno, que nasceu em Cesaréia – Ásia Menor (329-379). Ele foi bispo e arcebispo da Cesaréia: um grande personagem sob muitos aspectos, proveniente de uma família aristocrática, isto é, rica materialmente e intelectualmente, personagem de destaque na sociedade pelas suas obras escritas ou praticadas, principalmente na vida cristã. Basílio herdou essa aristocracia de seus pais. Foi um sábio no campo das ciências e sábio no campo cristão. Com os bens materiais herdados de sua família, construiu abrigos para os pobres. Na formação, instruía seus seguidores a serem generosos para Deus e ao próximo.

Foi o pioneiro da vida monástica no Oriente. É conhecido, sobretudo pelas Regras Monásticas que escreveu como orientação aos monges. Confessor e Doutor da Igreja, ele recebeu o título de Pai de todos religiosos do Oriente, pai dos monges e padres basilianos nos seus vários ramos existentes, principalmente nas Igrejas de Rito Oriental.

Foi escritor e teólogo. Sua primeira obra escrita foi sobre o Espírito Santo. Destacou-se como defensor da fé ameaçada pela heresia ariana, que colocava em dúvida a divindade de Jesus.

Em torno de 370, foi bispo de Cesaréia da Capadócia, num ambiente minado por desvios doutrinais e por cismas.

É chamado Magno em virtude de sua intensa atividade pastoral, de sermões e obras escritas em defesa da fé cristã católica. Criou na cidade de Cesaréia uma verdadeira cruzada de serviços aos pobres, fundando hospitais, asilos, casas de repouso, escolas de artesanatos, etc.

Basílio Magno foi perseguido e maltratado pelos adversários da Igreja e levado para ser julgado no tribunal diante o rei Valentino (364-379), com ameaças, inclusive de confisco de bens e a pena de morte.

Basílio Magno foi um grande pregador do Evangelho. Suas palavras eram como fogo que aquece os corações e queima o cisco do pecado. São Efraim escreveu que viu certa vez no ombro do bispo Basílio uma pomba branca e afirmou: “Grande és, meu Deus. Basílio é a chama ardente através da qual fala o Espírito Santo”. A chama de fogo é o símbolo do amor heróico a Deus e ao próximo.

São Basílio morreu jovem, aos 50 anos de idade, mas foi o suficiente para que deixasse para a Igreja grande herança como o mais douto na Igreja sobre a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo, vida comunitária e atendimento aos mais necessitados. Mas principalmente deixou a Ordem de São Basílio o Grande, que continua sendo o ornamento da Igreja de Cristo até os dias atuais.

A partir das Regras Monásticas de São Basílio Magno

As Regras Monásticas escritas por Basílio Magno solidificaram um novo sistema de vida consagrada de estilo comunitário na Igreja. Até a sua época predominava o eremitismo. A partir das suas regras formaram-se comunidades religiosas masculinas e femininas, através de sua irmã Macrina, que passo a passo cresceram pelo oriente cristão e chegaram ao ocidente, principalmente à Itália.

Suas regras iluminaram homens de Deus como São Teodoro Studita, na Grécia, e consequentemente os Santos Teodósio e Antônio Petcherski (ou das Cavernas de Kiev). No ocidente, São Bento de Núrcia cita São Basílio Magno e o chama de “nosso pai Basílio”. No decorrer da história da Igreja tanto oriental como ocidental, Basílio escreveu e continua escrevendo história através dos vários ramos do basilianismo que persistem nas diversas Igrejas Católicas, orientais e ocidentais, bem como na Igreja Ortodoxa. Um destes ramos do basilianismo formou-se nas terras da Lituânia, Bielorrússia e Ucrânia, o qual precisou passar pela reforma de São Josafat Kuntsevitch e do seu colega José Veniamyn Rutskyj para reavivar esse estilo de vida consagrada comunitária, como será exposto adiante.




Reforma da Ordem Basiliana       

Entre os anos 1607-1616, em Vilna (capital da Lituânia), a Ordem de São Basílio se encontrava em decadência, principalmente espiritual. Josafat foi o iniciador da reforma no mosteiro de Vilna, principalmente a partir da celebração da Divina Liturgia e da Liturgia das Horas. Essa foi a base da reforma.

Historicamente, em Vilna, a época era de imensa desordem, principalmente para os católicos, pois eram perseguidos e maltratados pelos irmãos ortodoxos. Josafat, junto com seu amigo e futuro Metropolita José Rutskyj, em orações e obras, eram inabaláveis na reforma da Igreja e da Ordem Basiliana. Para os seus seminaristas e leigos, o principal testemunho e ensinamento era a vida espiritual, como as orações, meditações, contemplações, sobretudo a Divina Liturgia.

Josafat era assíduo no seu apostolado. Tinha dotes naturais para fazer amizades e a divulgação do Reino de Deus. Os dotes que não tinha naturalmente, adquiria através das práticas espirituais diárias. Dizia aos seus seminaristas: “Se alguém não tem dons naturais deve adquiri-los pelo esforço diário. Que ninguém diga que não tem capacidade ou dons para trabalhar na vinha do Senhor (Vida de São Josafat).

Colocou fundamento não somente nos muros dos mosteiros, mas principalmente na vida espiritual, dos jovens seminaristas.

Para a reforma da Ordem, ele teve muito apoio e utilizou-se de material do rito latino, principalmente dos Padres Jesuítas da Polônia. Tanto Josafat Kuntzevitch como o Metropolita José Rutskyj tinham uma visão ampla e aberta. No ano 1604, o mosteiro em Vilna estava vazio e abandonado, mas no ano 1614 já se encontravam sessenta jovens seminaristas formados e com uma vocação discernida. A partir daí o número dos vocacionados crescia.

No ano 1617 os seminaristas basilianos estavam atuando em cinco comunidades: Vilna, Betenh, Jerovets, Novhorod e Minsk. Essa foi a primeira etapa da reforma deste ramo da Ordem dos Padres Basilianos.





Anos 1617-1623 na Bielorrússia

No ano 1617 começa a segunda etapa da reforma da Ordem dos Padres Basilianos, na Bielorrússia. Como em Vilna, assim também aqui se inicia com a reforma espiritual.

Josafat poderia permanecer em Vilna, pois ali tinha conquistado grande amizade e consideração. Mas obediente ao chamado e a vontade de Deus vai enfrentar a mais difícil e desorganizada comunidade na Bielorrússia. Os monges basilianos, também aqui, estavam em decadência, principalmente espiritual. Nos mosteiros não havia espírito religioso, reinava o individualismo e o egoísmo. Viviam acomodados, sem ideal e sem oração. As Regras de São Basílio se tornaram letra morta. Para a Bielorrússia vieram com Josafat Kuntzevitch e José Rutskyj alguns monges de Vilna. Como em Vilna, também na Bielorrússia, os jesuítas foram a mão direita para a reforma da Ordem.

Quando os mais poderosos viram a nova caminhada dos basilianos, sua dedicação em prol da Igreja de Cristo, ofereciam suas doações materiais para a melhoria dos mosteiros e manutenção dos monges. “Deus ajudava misteriosamente aos basilianos reformados” (São Josafat – Biografia).

Josafat foi fiel servo de Deus, fiel religioso basiliano, fiel sacerdote, bispo e arcebispo, graças a Deus e a seu constante esforço e doação ao Reino de Deus.

Morreu martirizado aos 12 de novembro de 1623 com fama de santidade.






Matéria completa em: https://metropolia.org.br/vida-consagrada/ordem-basiliana/



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